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:: ‘religiões de matrizes africanas’

Homenagens a religiões de matrizes africanas ajudam a combater a intolerância, diz nova cidadã feirense

Sacerdotisa Marla de Oliveira Santos

Foto: Divulgação/CMFS

“Comemoramos este olhar em nossa direção”, disse a sacerdotisa Marla de Oliveira Santos, ao receber da Câmara Municipal, na noite de ontem (30), o título de Cidadã Feirense. Ela justificou aceitar “títulos e reconhecimentos”, homenagens como a que acaba de receber do Poder Legislativo, por ser um caminho para o reconhecimento do trabalho realizado pelas religiões de matrizes africanas e também funcionar como uma esperança de conscientização das pessoas que agem com intolerância aos que professam esta fé. Em um discurso muito bem articulado, que arrancou aplausos entusiasmados da plateia, Marla é denominada Iyánifá Fátóún, aquela que estuda e aprende a prática de Ifá – orixá da adivinhação e do destino, consultado no candomblé para saber se há obrigações a cumprir, porta-voz de Orumilá (‘Salvador’, um dos títulos do Deus supremo).

Nascida no município baiano de Valente, “Capital do Sisal”, a nova conterrânea dos feirenses disse que os sertanejos, “aprisionados pelo cárcere da pobreza, também são nossos ancestrais”. Consagrada primeira sacerdotisa Ifá – que ela chama de “Consciência de Deus” –  no Estado da Bahia, lembrou que enfrentou “um corpo de lideranças masculinas”. Encontrou dificuldades pelo caminho, “em uma sociedade preconceituosa, misógina e racista”. Mesmo com um certo medo e sem “apoio humano”, observou que seu guia indicava o caminho a trilhar:

“Ainda menina, sem saber dos planos do destino, cheguei a Salvador. Toda minha história de vida foi pregando. Sempre foi confortável para mim estar em estradas africanas. Nada me fez retroceder, pois sabia que todos os orixás estavam comigo. Com o apoio da minha espiritualidade e daqueles que jamais largaram a minha mão, chegamos. Sem amor não é possível projetar o futuro”. :: LEIA MAIS »

Comissão da Igualdade da ALBA debate papel das religiões africanas na defesa do estado democrático de direito

Audiência PúblicaA Comissão Especial de Promoção da Igualdade (Cepi) da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) convoca os membros de religiões de matrizes africanas para a audiência pública “As Religiões de Matrizes Africanas na Defesa do Estado Democrático de Direito”, a ser realizada na próxima terça-feira (29), na Sala das Comissões José Amando – ALBA, a partir das 09h30.

Para Bira Corôa, presidente do colegiado, a audiência é um espaço para que se discuta o papel dessas religiões neste momento em que o Brasil enfrenta graves ameaças ao estado democrático de direito. “Teremos a oportunidade de fazer o resgate histórico, destacando a importâncias dos terreiros no enfrentamento e resistência durante o período militar, iniciado em 1964, além de fazer a reflexão sobre o papel das religiões no momento atual vivido pelo país”.

Mesa de discussão contará com a presença de líderes religiosos, como a Yalorixá Raidalva; pesquisadores, a exemplo do professor Valdílio Silva (UNEB); representante da Comissão Afrodescendente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) e representações de grupos da sociedade civil organizada. Atividade é aberta ao público.