Evento voltado para trancistas pauta a importância da regulamentação da profissão

Foto: Divulgação/Ascom

Com uma plateia repleta de mulheres negras, o 3° Trancista Master aconteceu no dia 8 de outubro, no Hotel Fiesta, em Salvador. Mais de mil mulheres participaram do evento, que teve como objetivo principal discutir a importância da regulamentação da profissão de trancista. O encontro contou com profissionais renomados da área para compartilhar suas experiências e debater sobre o assunto.

Durante o evento, foram abordados diversos aspectos relacionados à profissão de trancista e a sua regulamentação. Foi destacada a importância de reconhecer e valorizar a expertise dessas profissionais, que possuem técnicas e conhecimentos ancestrais, específicos para cuidar e tratar dos cabelos crespos. E, como a profissão de tracista possibilita que mulheres pretas conquistem a autonomia financeira através do empreendedorismo afro.

Entre os principais pontos discutidos no evento, foram colocados a importância da qualificação profissional, o combate à informalidade e à exploração das profissionais, visto que muitas acabam trabalhando de forma irregular e sem proteção social. Foi pontuado também a importância de estabelecer critérios claros para a formação e atuação das trancistas, fatores esses que garantem a qualidade dos serviços prestados e a segurança dos clientes.

Para Anna Telles, responsável pelo evento, a regulamentação da profissão é fundamental não só pelo reconhecimento profissional, mas, principalmente, por oportunizar benefícios específicos e os direitos trabalhistas. “As doenças que acometem as trancistas são diferentes de outras categorias, a exemplo de uma cabeleireira. Uma trancista fica em pé e repete os mesmos movimentos com as mãos por muitas horas para finalizar um trabalho. Então, além das doenças por esforço repetitivo, há o comprometimento de outras partes do corpo. A regulamentação da profissão de trancista é um dispositivo legal que pode assegurar e garantir direitos específicos para a categoria”, afirma Anna.

Outro aspecto destacado durante o encontro foi a importância da valorização da cultura negra e seus símbolos. O cabelo trançado é um importante elemento dessa cultura, e as trancistas desempenham um papel fundamental na preservação e disseminação desse patrimônio cultural.

No encerramento do evento, Anna Telles reforçou a importância de continuar lutando pela regulamentação da profissão de trancista. Ela pontuou que a 3ª Edição do Trancista Master foi apenas o começo de uma caminhada que ainda tem muitos desafios pela frente, mas que é necessário perseverar em prol da valorização e reconhecimento das trancistas e de sua importante contribuição cultural, social e econômica.

Saiba quem é Anna Telles, a idealizadora desse importante movimento

Anna Telles é dona de uma história inspiradora, de superação e empoderamento. Como muitas mulheres pretas, Anna enfrentou diversos desafios em sua vida. Durante um período, ela foi moradora de rua, lutou para sobreviver e construir uma trajetória profissional. Foi através das tranças que ela conquistou a sua autonomia financeira e viu a possibilidade de incentivar e empoderar outras mulheres pretas.

O empreendedorismo afro foi o caminho que Anna encontrou para sobreviver e transformar sua vida. Ela desenvolveu um método mais rápido para colocação de cabelos orgânicos e que protege o cabelo natural. Essa técnica a posicionou como referência profissional no mercado. Sua habilidade em cuidar de cabelos crespos é reconhecida por suas clientes e por outras trancistas que buscam por ela para obter capacitação profissional.

Além de ser uma trancista talentosa, Anna Telles também é uma empresária de sucesso. Ela criou sua própria marca de produtos para cabelos crespos, que se tornou um verdadeiro sucesso entre as mulheres negras. Seus produtos são desenvolvidos com ingredientes naturais e específicos para as necessidades dos cabelos afro, proporcionando hidratação, definição e brilho.

A história de Anna Telles é inspiradora e representa a luta e a resiliência das mulheres negras no Brasil. Sua voz e sua força buscam fortalecer outras mulheres através da profissão de trancista. (Ascom)