Foto: Flávio Tavares / Hoje em Dia

Este sábado, 12 de junho, quando se comemora o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, será marcado por este alerta sombrio: a pandemia agravou ainda mais o panorama do trabalho infantil no mundo, que atingiu seu nível mais elevado nos últimos 20 anos.

Os dados são do relatório “Trabalho Infantil – Estimativas Globais 2020, Tendências e Futuro”, assinado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que aponta o aumento de 8,4 milhões de crianças trabalhando nos últimos quatro anos.

Segundo o estudo feito em escala mundial, são 160 milhões de vítimas do trabalho infantil, a taxa mais alta em 20 anos. Segundo a OIT, um em cada dez crianças ou jovens está exposto à situação. Quase 28% das pessoas entre 5 e 11 anos e 35% das que tem idade de 12 a 14 anos em trabalho infantil estão fora da escola. Os meninos tendem a ser mais vítimas do trabalho na infância do que meninas. A prevalência ocorre em áreas rurais, com três vezes mais chance do que em áreas urbanas

A procuradora do MPT na Bahia, Andrea Tannus, coordenadora de combate ao trabalho infantil do órgão no estado, lembra que os dados deste relatório se referem a 2020 e, com a pandemia, a tendência é que os números piorem ainda mais. “Por causa da Covid, nove milhões a mais de crianças correm risco de ter que trabalhar, até o fim de 2022. Uma simulação mostrou que este número pode subir para 46 milhões, caso não haja medidas de proteção social”, alerta.

A procuradora chama a atenção para fatores que fazem com que esta realidade se reproduza com força no Brasil. “Dentre as consequências da pandemia estão o fechamento das escolas e os choques econômicos que pressionam crianças e adolescentes a ingressar em atividade informais de trabalho. A situação é alarmante, infelizmente”, afirmou. Andrea Tannus relembra que o ingresso precoce no trabalho traz riscos de doenças mentais e físicas. Elas têm o direito à educação e a um futuro comprometido, caindo um círculo vicioso de pobreza e exploração.

No entanto, Andrea Tannus cita que algumas medidas podem ser tomadas para prevenir o trabalho infantil. “A expansão da proteção social, especialmente programas de transferência de renda para famílias com crianças, é fundamental para ajudar a solucionar esse problema. Outra medida essencial é a garantia do acesso a educação de qualidade. Além disso, é preciso dar oportunidade de trabalho decente para os pais e para as mães para que haja estabilidade na renda dos domicílios”, explicou a procuradora. (Ascom / MPT-BA)