Foto: Divulgação / CMFS

A falta de capacitação, assistência técnica e de políticas públicas que melhorem a vida no campo são grandes problemas enfrentados por pequenos produtores da zona rural de Feira de Santana. Conforme dados apresentados pelo vereador Jurandy Carvalho (PL) na sessão especial da Câmara Municipal desta quarta-feira (13), a agricultura familiar é responsável por 75% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. Entretanto, ele acredita que, em Feira de Santana, o segmento é “renegado” e carece de maiores investimentos por parte das esferas federal, estadual e municipal.

Professor de Geografia na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Dr. Wodis Kleber Araújo afirma que cerca de 8% da população feirense vive na zona rural. Para ele, a desvalorização da vida no campo provoca a migração de jovens, que buscam na sede, novas oportunidades de estudo e trabalho. “Eles entendem que estar na zona rural é ser atrasado, ignorante e empobrecido, mas isto não é verdade. Esse pensamento precisa sair da mente dos jovens”.

João Dias, que compareceu à Câmara como representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, defende a reformulação da educação na zona rural. Na sua opinião, a grade curricular das escolas presentes nos distritos também precisa conter matérias que ensinem práticas de plantio e conhecimento do solo. “Como é que você quer que o homem do campo fique no campo se o ensino das escolas rurais é urbano?”

Além da capacitação da comunidade, a zona rural precisa de profissionais especializados que prestem assistência aos pequenos produtores da agricultura familiar, diz Conceição Borges – presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana. Em concordância, João Dias acrescenta que a assistência técnica deve ir além da distribuição de sementes e do arado, “precisamos de engenheiros agrônomos”.

Crédito rural

Além das adversidades com assistência e capacitação técnica, os pequenos produtores rurais também enfrentam dificuldades em conseguir recursos para custear e investir nas suas lavouras. O gerente geral da  Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), Aurino Melo, observa que parte do problema seria resolvido com a regularização fundiária. Ele sinaliza que parte dos pequenos produtores rurais não possui, legalmente, a posse de suas terras, o que inviabiliza a oferta de crédito por instituições financeiras.

Sistemas de irrigação

Com sete distritos enquadrados no bioma da Caatinga e um da Mata Atlântica, a elaboração de projetos e sistemas de irrigação deve considerar as variáveis das regiões. O professor Kleber Araújo defende o estudo de uma logística que atenda às comunidades rurais. Ele chama atenção para a existência de produtores que possuem dificuldades para utilizar água e energia elétrica: “sem água, não há condição de produzir, porque a agricultura brasileira se baseia nela. Sem energia, é impossível mover o maquinário. Nós precisamos sair da condição primitiva dos engenhos a mão em Feira de Santana. Eu tenho registrada a presença de uma casa de farinha movida a arreios de boi”.

Para João Dias e Jurandy Carvalho, a utilização da barragem de Pedra do Cavalo é uma alternativa para a irrigação das produções em distritos mais secos. “Não existe nenhum programa das três esferas para usar essa água”, critica o representante da SEMMAM.

A sessão especial para debater a realidade da agricultura familiar no município é de iniciativa da Frente Parlamentar para Agricultura, Pesca, Desenvolvimento Rural e Abastecimento Agropecuário de Feira de Santana, presidida por Jurandy Carvalho. No evento, também estavam presentes o presidente do Polo de Associações Rurais, José Nery, e Joedilson Freitas, representando o secretário Municipal de Agricultura, Pablo Roberto. (CMFS)