Pais, familiares, pessoas portadoras de transtornos mentais e entidades ligadas a saúde mental, se reuniram na tarde desta quarta-feira (dia 16), para declarar apoio ao não fechamento dos Hospitais Psiquiátricos da Bahia. A ocasião aconteceu através da Audiência Pública com a Associação de Apoio aos Familiares, Amigos e Pessoas com Transtorno Mental da Bahia (AFATOM-BA), proposta pelo presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde e Institutos de Pesquisas Afins da Bahia, deputado estadual José de Arimateia (PRB-BA) e contou com a presença do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), Ângelo Coronel (PSD).

O encontro reuniu cerca de 100 pessoas na Sala Herculano Menezes, localizada na Casa Legislativa e resultou em uma discussão detalhada sobre situação do Hospital Juliano Moreira e do Hospital Especializado Mário Leal, em Salvador; do Hospital Especializado Lopes Rodrigues, em Feira de Santana; e do Hospital Especializado Afrânio Peixoto (HAP), em Vitória da Conquista. Caso haja o fechamento das instituições da área de psiquiatria, 60 mil pessoas ficarão desassistidas na Bahia.

O proponente da Audiência, que tem realizado uma série de reuniões para discutir o tema, pediu ao presidente, Ângelo Coronel, para reforçar junto ao Governo do Estado a situação dos hospitais psiquiátricos da Bahia para gerar avanços e soluções. “Trouxemos a força máxima do nível Legislativo, porque precisamos esgotar ao máximo o debate junto à população baiana sobre o processo de desinstitucionalização na área da saúde mental no nosso estado. Não podemos permitir a desassistência desses pacientes”, enfatizou Arimateia.

Conforme relatou a presidente da Associação de Apoio a Familiares, Amigos e Pessoas Portadoras de Transtornos Mentais da Bahia (Afatom-BA), Rejane de Oliveira, de 2002 até hoje foram mais de 900 leitos desativados no estado. No ensejo ela pontuou os malefícios com o fechamento das instituições médicas na Bahia para o paciente, família das pessoas portadoras de transtorno mental, como também a comunidade baiana.  “A nossa luta começou em junho, deste ano, quando o Governo da Bahia quis fechar os hospitais psiquiátricos de forma errônea. O objetivo do estado é não internar. Precisamos de um novo olhar para esses pessoas. Adequar sim, mas fechar não”, disse, Rejane, convocando todos os prefeitos para uma discussão integrada com o secretário Estadual de Saúde, Fábio Vilas Boas e o governador Rui Costa.

Para ilustrar a importância do Hospital Juliano Moreira, Solange de Oliveira Santana, que é farmacêutica há 28 anos na instituição, fez uma explanação sobre a parte história do hospital, e informou ao público presente dados precisos que evidenciaram os serviços prestados. Em 2016, mais 5,5 mil pessoas foram atendidas na emergência e 997 internadas. A unidade, localizada no bairro de Narandiba, em Salvador, conta com 122 leitos ativos, realiza 30 atendimentos por dia e 720 atendimentos em crianças.  “Estou aqui na luta por um ideal. Eu não acredito que todo o legado e esforço do fundador Juliano Moreira seja jogado no lixo, como um hospital descartável. É muito triste. Quero dizer aqui que seguirei com vocês até o apagar das luzes. Pacientes, vocês não estão só”, disse Solange.

O presidente da ALBA, Ângelo Coronel, ouviu atentamente as reivindicações apresentadas pelos convidados e garantiu que transmitirá a atual situação ao governador Rui Costa e ao secretário Fábio Vilas Boas. Na oportunidade ele declarou apoio ao não fechamento dos hospitais do segmento na Bahia. “Equipar e expandir tudo bem. Agora, fechar o que já existe é realmente inadmissível”, opinou.

Também compuseram a mesa da Audiência, a deputada estadual, Mirela Macedo (PSD), a funcionária do Hospital Mário Leal, Valdiria Lopes e a médica psiquiátrica e diretora da Federação Nacional das Associações em Defesa da Saúde Mental (FENAEMD – SM), Sandra Peu.